Quando eu era criança...
Quando eu era mais criança do que sou agora,
Atirei uma pedra a um pardal. Acertei-lhe em cheio numa das asas.
E acertei em cheio no meu peito.
Pergunto-me a mim mesmo de onde surgiu aquele sadismo demoníaco que impulsionou a pedra a ir de encontro às asas do pobre animal.
Talvez até seria aquela cantiga de todas as infâncias, de um certo pau e de um certo gato, o impulso sádico dessa experiência perversa.
Não sei. É tudo demasiado branco aqui.
Na mansarda.
Palácio de lugar nenhum onde fui proclamado rei por ninguém.
Lugar onde estou cativo daqueles que me cativam.
Lugar onde o pardal da minha infância recebe os louros da justiça.
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