domingo, 11 de abril de 2010

Super_sanidade

Era a dormir. De olhos a dormir e espírito acordado. Era assim que ele conseguia se transformar em dois. E falava consigo próprio e ele mesmo o respondia de forma independente, como se o cérebro que processava a pergunta e elaborava a resposta pertencesse a um outro corpo, a uma outra pesonalidade distinta. Ele redarguia à sua própria resposta feita à sua própria pergunta. Eram definitivamente dois. Dois em um. Ele não entendia essa possibilidade. Assim de repente, id perguntava a ego e ego respondia à pergunta de id e mantinham uma conversa amigável assistida por ele próprio que nesse caso seria o resquício de consciência dentro desta loucura. Era agradável e inquietante esse big bang de um novo universo que nascia dentro do seu. O que em alta voz pareceria insanidade mental, em silêncio lhe soava a poesia. Ou, pelo menos, se não fosse poesia não terminaria num quarto branco. E assim viu que os seus olhos assaz dormiam. Acordou-os e a sensação de realidade que marcava aquele sonho rompeu a fina e delicada membrana que separa os dois mundos e essas duas matérias, qual água e óleo, se misturaram, rompendo também assim as leis da física ou pelo menos a da metafísica. Já acordado, pensou em internar-se. Agora não! Pensou em dormir outra vez. Dormiu. E quando estava a sonhar, deu por si de olhos abertos a contemplar o seu sonho.

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