Acordo subitamente na noite,
E o meu relógio, tic-tac,
ocupa toda a noite,
Abafa a existência de tudo e de nada...
Silêncio e tic-tac,
quase que me perco a ouvir o meu relógio!
e sinto me a sorrir na noite com os cantos da boca
porque a única cousa que o meu tic-tac simboliza,
enchendo com a sua pequenez a noite enorme,
é a curiosa sensação de encher a noite enorme,
Maior que o tempo,
Mais escura que a solidão.
E esta sensação, é curiosa a sensação
Do tic tac do relógio,
Constante, constante,
Ela nao enche a noite enorme
Sucumbe com a sua pequenez.
Vinícius de Castro
A partir de Alberto Caeiro
A partir de Alberto Caeiro
in poemas inconjuntos
5 comentários:
Já fiz chegar a minha opinião sobre este texto. Acho que está genialmente doce e simples. Lê-se de um jacto, flúi, com a cadência certa de um tic-tac e por aí se viaja, desde a boca sorridente, pela noite, até caírmos em nós, de sós que nos encontramos. Gostei.Muito.
Continuem ;)
Está particularmente bom, com o mérito ainda de ter sido escrito por duas pessoas!
Vejo o tic-tac como solidão. Será possível? Enche a noite mas ao mesmo tempo é destruído pela sua grandeza.
Bravo
Bem, eu vos peço desculpas pelo incoveniente. Era bom demais escrevermos tão bem!
Lol! Ao menos sabemos reconhecer genialidade!
Ao menos isso!! E que vergonha de ter modificado um poema do Alberto Caeiro... Até parece prepotência... Que horror!!
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