Eu dormia um sono plácido. Sonhava que caminhava entre graciosas oliveiras, carregadas de olivas maduras, e coloridas flores silvestres que exalavam um doce aroma de primavera que pareciam tomar conta de todo o vale do Párnaso, onde eu estava. Uma alegria explosiva preenchia o meu peito. Sim, era uma felicidade que nunca mais sentirei outra igual. E caminhava...
Foi então que encontrei-a, linda, imponente, rodeada de maravilhosas flores e protegida por criaturas estranhas com cornos, mas belíssimas de se olhar.
Era Cípris...
Fiquei a olhá-la, incrédula. Ela começa a caminhar, entre as flores, na minha direcção. Ela pára, a poucos centímetros de encostar-se em mim.
Zeus, que beleza era aquela?! Não há palavras para descrever tamanha formosura, perfeição inexistente na face da Terra!
Seu hálito era fresco e doce. A sua boca dirige-se ao meu ouvido e ela sussurra uma frase. Depois ela olha profundamente em meus olhos; Sinto-me trémula, quase a desfalecer! A seguir ela beija os meus lábios.
E com isso, acordei.
Estava terrivelmente assustada. Medo, angústia e receio se misturavam na minha alma. Felizmente o palácio estava vazio, todos os criados, inclusive os meus, acompanhavam Teseu num imprevisto com a nossa outra casa que fica a poucos quilómetros daqui do palácio.
Eu precisava, urgentemente, de uma taça de água fresca para acalmar o meu espírito e eu própria tive que ir buscá-la. Tinha muito medo, não queria abrir os olhos, só o queria fazer na presença de Teseu, mas fui obrigada a abrí-lo.
Pensei para comigo: "Não há problema, afinal o palácio está vazio, estou só!"
Maldita hora em que desci as escadas...
De repente, como um espírito silencioso, Hipólito se consubstancia a minha frente, inesperadamente! Soltei um grito pavoroso:
"Nããããããoo!!"
Era tarde demais. Os seus olhos já se tinham encontrado com os meus. Corri, desesperada, para o quarto. Tranco as portas. E subitamente, não sei explicar como, porque não era meu ao mesmo tempo que era, começou a subir um fogo ardente que me queimava por dentro e os meus olhos só viam Hipólito...
"Oh, dor indolor!"
"Por quê eu, Afrodite?"
Desgraçado amor. Descomunal. Maior do que o mero amor sentido pelos simples mortais: É o amor divino, o amor dos deuses, que eu sentia. A cada segundo sentia o meu corpo se desfazer em desejo, apetite carnal, um querer muito mais do que o simples bem-querer...
A partir daí, começou toda a desgraça da nossa família. Sabem por quê?
Porque Afrodite sussurrou no meu ouvido:
"Fedra, mulher entre as mulheres, mortal perfeita, digna de uma deusa e desgraçada por isso. Eu não te odeio porque nunca hás-de chegar a ser como eu. Sabes por quê? Porque vou enfeitiçar-te. Quando acordares e os teus olhos se encontrarem com outros, a este amarás perdidamente."
E foi isso que Cípris disse aos meus ouvidos antes de beijar a minha boca e consumar o feitiço... Depois soube que Hérmes disse a Hipólito que eu precisava vê-lo urgentemente. Um belo plano forjado por Afrodite! É claro que teria de ser o meu próprio enteado a minha paixão, senão a destruição não seria completa! Cabra...
Teseu, peço-te: Perdoa-me por Zeus!
A culpa não foi minha,
A culpa não foi minha... Adeus!
Fedra
10 comentários:
loOl, devo dizer que comecei a ler desconfiado, porque o teu texto anterior sobre a Fedra era realmente muito bom, já para o fim eu tive um vislumbre de "Donas de Casa Desesperadas" não sem porquê... está engraçado mas o outro está muito melhor, há algumas linhas que eu teria feito outra escolha de palavras, mas gosto do dualismo entre o sério e o cómico.
UAU! E eu ainda digo mais... UAU!
Está absolutamente maravilhoso... divino!
Parabéns imperador da escrita ^^
LOL! Sim, devo assumir que este não está assim tão bom... Podia estar bastante melhor, concordo!
Rita, ainda bem que gostaste. Não está mal, mas também não está completamente bom! Esta do imperador da escrita não deixa de ser engraçada!! ;)
Eu gostei muito. Se escrevesses em português, então, aí é que eu adorava. Mas tu insistes no brasileiro..!
Oh, agora a sério (não é que o resto não fosse bastante a sério), isto está muito giro :) andas mesmo a esmerar-te!
A do imperador da escrita foi de proposito. Teve a sua piada ;)
Parabéns! Escreves muito bem!
Sim, o 1º estava melhor, mas devo dizer que este também está bastante bom!
Obrigado pelo elogio sara lóló!
o pa mas será que eu Mereço tanto? O Eric que querido! Agora a sério eu acho que consigo fazer qualquer coisa disso!!!! Não te preocupes mais uma vez muito obrigada pelo textoe quando der eu mostro-te
Eu já disse que não fiz isso com a intenção de apresentares. É melhor não, não tem qualidade dramatúrgica para isso. Já agora, por que é que não mereces? És a parva mais querida que eu conheço! =P
e ja sei de cor....so ara que saibas já que nao há dona cloris nem texto na cozinha decora-se fedras um bjinhu brazileiro lento
Postar um comentário