sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Coisas do momento

Eu tenho saudades. Aprendi a conviver com ela desde a minha tenra idade. Eu a ganhei uma vez, quando o meu irmão viajou por um período prolongado, foi quando a conheci, foi o meu primeiro contato com ela. Não sei dizer se fui eu quem gostou mais dela ou se foi ela de mim, mas desde então temos sido companheiros inseparáveis por diversas razões. Tenho o pressentimento de que será assim por muito tempo, aliás, por toda a minha vida. Sinto saudades de você, de mim, dele e dela, disto e daquilo, de tudo e de todos. As vezes canso-me da saudade, afasto-me dela, tento ficar distante. Depois fico com saudades da saudade,  procuro por ela com avidez e quando a encontro é uma emoção indizível, há muitas lágrimas, é sempre um grande conforto. Já não sei viver sem ela. Já faz parte da minha essência. A minha relação com a saudade é assim. Nem sei porque é que comecei a falar de saudade, deve ser porque a tenho agora. Não queria falar de nada, queria apenas escrever sem objetivo. Escrever por escrever, qualquer coisa sem início meio ou fim, sem razão, sem substância, sem beleza, sem pretensão. Escrever apenas porque escrever está comigo como a saudade. E porque tenho saudades de escrever. Eu escrevo desde quando aprendi a escrever mas naquela altura ainda não escrevia, rabiscava. Receio que ainda hoje só rabisque mas já são rabiscos com alguma forma. Eu me lembro de escrever sempre quando algo me incomodava, não apenas no sentido pejorativo mas sempre quando alguma coisa me chamava a atenção. E isso também foi na tenra idade mas não quero falar sobre isso. Não quero falar, apenas escrever. E porque é que temos de escrever  sobre alguma coisa, digo, escrever sempre tendo em vista a dissertação acerca de qualquer coisa, com um objetivo? Sinto no fundo da minha alma que não quero escrever sobre nada, pelo menos agora, e que ninguém leia. Não preciso que me leiam ou melhor ninguém quererá ou se interessará. É melhor assim. Sinto-me menos culpado pelo tédio alheio.

Um comentário:

Niusha disse...

Pois é. Já tinha saudades de te ler a ti;)
Beijo grande*