segunda-feira, 15 de março de 2010

O homem e o seu pai

E eis que ele surge num campo aberto
a caminhar com destino incerto.
Sentiu que devia ajoelhar-se
ali
E ajoelhou-se deveras
na terra húmida em meio às ervas
em meio ao canto alegre dos pássaros
entre a terra e o céu.
Ali, pequeno e distante,
era o ponto intermédio entre duas grandezas.
Pequeno e distante
Ergueu sua cabeça ao céu.
Ao céu ergueu a sua cabeça e a sua boca, na sua deixa,
Não se mexeu,
A sua boca não se exprimiu,
A sua boca se emudeceu.
Os seus olhos roubaram-lhe a cena
Os seus olhos,
Valentes olhos,
disseram tudo aos céus
sem medo e sem delongas,
dos seus olhos duas pequeninas lágrimas surgiram.
Lágrimas de saudade inconsciente
sem súplicas nem dor,
lágrimas doces.
A plenitude, poder-se-ia dizer quem de longe avistasse o homem,
A plenitude era aquilo
O pai, o filho e o espírito santo,
porém, e de facto a pessoa não estaria longe da verdade,
o que ela teria acabado de presenciar
Seria
o primeiro encontro de um filho
Com o seu pai.

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