Da Sedução - Bertolt Brecht

Durante uma visita a casa de um amigo, deparei-me, entre conversas e brincadeiras, com um livro de capa negra muito sugestivo. Estava escrito nele, em letras garrafais vermelhas, Da Sedução - Bertolt Brecht. Com algum entusiasmo, pus-me a lê-lo. Alguns segundos mais tarde, dei por mim a fazer uma descoberta: Brecht também foi um poeta! (Na minha ignorância, sempre imaginei Brecht como um destes grandes pensadores do teatro, senão O grande!)

Outros segundos mais tarde fiz outra grande descoberta: Brecht escreveu poemas eróticos!!! Li alguns dos poemas e gostei. Uns são um pouco baixos demais para aquilo que eu imaginava de Brecht, mas há outros que são bons. No livro havia, também, umas gravuras eróticas de Picasso que, a meu ver, valorizavam ainda mais a obra.

Agora imaginem uma bolinha vermelha no canto superior direito.

Phallus and Nude, Pablo Picasso

Reinvindicação de arte

A boa, que ao seu amor nada nega
E se lhe entrega com antecipação
Saiba: que não é boa vontade não
Mas talento, o que ele deseja na esfrega.

Mesmo se à velocidade do som
Do sou-tua dela à cópula chega
não é pressa que o botão dele carrega
Quando às bolas seminais dá vasão.

Se é o amor que primeiro atiça o fogo
Precisa ele depois, para inverno amparado
De ser dona ainda de um traseiro dotado.
De facto, mais que fervor no olhar
(Também faz falta) um truque há que usar:
Coxas soberbas, em soberbo jogo.