sexta-feira, 6 de abril de 2007

A POESIA DA MORTE


Não passa de uma corrente de ar. Matá-la? Como? As janelas estão fechadas, a porta aferrolhada e, no entanto, com certeza, o ar corre, arrasta-se, espia-me. Envolve-me. Entra por todos os Lados e gela-me. De onde vem e por onde passa? Matá-la, como se fosse o pavio de uma vela e deixá-la assim negra e torcida no chão como uma serpente morta, a cabeça esmagada e o sangue frio formando uma poça imunda e viscosa. Um sopro que destruiria esse sopro frio que me atravessa as costas, hálito vindo da rua, do mundo que me escuta: esse frio que foi concebido contra mim. Esse ar: assassiná-lo. Soprar para que fique sem sopro. Palavra acertada! Soprar a vela! Mas como conseguir matar essa filha do ar, que me está a matar?

CRIMES EXEMPLARES

Nenhum comentário: