Nº2 – (Ao contar a peça, baralha-se todo devido à excitação) (Nº1 fica muito atento para tentar descobrir qual é a peça) Sim, é muito engraçada! Há dois ranchos. E também há duas ervas. Três casais se apaixonam. Depois eles fingem que são médicos para vê-las. E há muita crítica social e à igreja, implícitas! Um deles é o criado que é um espertalhão. E depois há o tio das raparigas que quer que uma se case com o primo e que a outra vá para um convento. Mas depois…

Nº1 – Já sei! António José da Silva!

Nº2 – (A fingir que sabe) Exactamente! Silva, bem me parecia…

Nº1 – É claro, O Judeu! Fabuloso, adoro-o. Esta peça que contaste, parece-me ser “As Guerras de Alecrim e Manjerona”! Grande clássico…

Nº2 – (Como se tivesse acertado no bingo) Alecrim e Manjerona! (Triunfante) Bem sabia que havia duas ervas!

Nº1 – Esta sim é uma grande peça!

Nº2 – É claro que é uma grande peça! (Irónico) Eu, alguma vez, vi “pecinhas”?!

Nº1 – Tenho vontade de ver uma peça. Sentir toda aquela energia, o contacto com os actores! Toda aquela sensação de ritual! Quero ver esta peça.

Nº2 – Ouvi dizer que estão a representá-la por cá, no Teatro Municipal aqui da cidade…

Nº1 – Boa! Quando lá chegarmos, vamos assistí-la!

Nº2 – E Fátima?

Nº1 – Fica para a próxima! Não posso deixar de ir. Adoro ver as peças e depois ouvir as críticas da assistência. Algumas são muito construtivas, até para os próprios actores. Percebes o que estou a dizer?

Nº2 – (A fingir que acompanhou o raciocínio) Críticas, sim…actores… Han? Sim, claro que sim!

Nº1 – Sinto-me, agora, bastante melhor! Tenho um objectivo em concreto!

Nº2 – Ir ver a peça!

Nº1 – É tão bom ter um objectivo! Dá-nos força para viver.

Nº2 – E se fossemos andando?!

Nº1 – É… Uma boa ideia.

Nº2 – Então vamos?

Nº1 – Sim, senão chegamos atrasados à peça!

(Vão-se)